terça-feira, 8 de novembro de 2011

A tristeza permitida - Martha Medeiros


"Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que normalmente faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa,ir pro computador, sair para compras e reuniões - se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem para sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como?

Você vai dizer "te anima" e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer para eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra.

Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor
eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra.

A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro da nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido.

Depressão é coisa muito mais séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou com si mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente - as razões têm essa mania de serem discretas.

"Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago de razão/ eu ando tão down...". Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. "Não quero te ver triste assim", sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar o seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinicius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia.

Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip hop, e nem por isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor - até que venha a próxima, normais que somos."



segunda-feira, 7 de novembro de 2011

E se foi acidente?


Não estou aqui para ser “advogada do diabo”, muito menos minimizar a dor da família de quem se foi. Apenas quero ser solidária com os familiares, pois não se foram duas vidas, foram três, quatro, cinco... Não apenas as vidas ceifadas, mas os que ficaram para vivenciar o decorrer...
Vemos o julgamento social na mídia. As redes sociais estão ai pra isso. (Pseudo) Manifestações referentes a tudo. Basta um jogo de futebol, um político corrupto (mais um), um fenômeno da natureza, um acidente, uma tragédia. Tudo gera uma bá-fá-fá. Concordo que estes espaços são para interação e troca de opiniões, mas quando se trata de vidas?

É revoltante, triste, trágico. Mas devemos parar de nos restringir às informações passadas pela mídia! O que eles mais querem é furos de reportagem, polêmica, porque isso dá ibope! Todos já sabem o que realmente aconteceu? Ficam julgando pelo que um e outros falam, pelo que a mídia passa... Não é querendo defender, nem diminuindo o acidente. Lógico que eu não sei a metade da dor que essa família está passando, mas antes de julgar se é assassino ou não, preferi saber de fontes seguras (da própria polícia, peritos, IML) o estado do motorista. Sabendo que cada história tem várias versões, é melhor ter certeza antes de julgar. Existem casos e casos em que a sociedade julga de certa forma e expõe uma parte e está enganada... Por isso, devemos ser solidários com a família, pedir a Deus que conforte o coração dos entes dos que se foram e torcer para que VERDADE seja revelada e JUSTIÇA seja feita!
E se ele estava realmente em estado ébrio?

‎'SE' - há outras versões do ocorrido! Antes de ficar fazendo juízo de valor, é bom ter CERTEZA do que realmente aconteceu! E quem tem certeza?

Com certeza a mídia tem um papel construidor, mas também destruidor da ordem social! Mas enquanto houver JUSTIÇA ou pelo menos um JUDICIÁRIO minimamente atuante, eu ainda acredito no que for transitado e julgado no TRIBUNAL. Ao invés de ser levada pelas opiniões de meros internautas que não tem ideia do que realmente aconteceu! Se querem polêmica, falem de futebol, religião, política. Mas no caso de vidas (e não digo apenas pelas que se foram, mas pelas que ficaram) eu prefiro não expor opiniões infundadas.
A partir do momento que transferimos o nosso poder de julgar pro Estado, devemos deixar de julgar e esperar a VERDADE e a JUSTIÇA!

Quero reiterar que nem me imagino numa situação dessas... Jamais julgaria a dor que a família está sentindo. Nessas horas eu sei que o que mais os familiares querem é que haja justiça, que a pessoa pague. E isso com certeza acontecerá. Mas antes de ficarmos difamando a pessoa, dizendo que ele é marginal, estava bêbado ou sermos levados pela opinião da massa, devemos ponderar no quesito julgamento. Já frisei NINGUÉM SABE O QUE ACONTECEU. NINGUÉM. E outra, não foram apenas 2 vidas, foram 3, 4, 5, 6... Se foi a vida de quem dirigindo também. E dos seus familiares. E dos familiares dos que morreram. Não sabemos se ele realmente foi negligente ou se foi uma fatalidade, o que devemos fazer é sermos solidários, apenas...
Afinal, acidentes também acontecem!

Só quero deixar claro que todos temos direito à opinião (claro!) - nascemos em uma sociedade livre. Sou a favor de manifestações em prol de uma sociedade mais justa (e igualitária), porém, essas manifestações através de rede social, pra mim, são "expressões mortas". Querem mudanças? Saiam às ruas, levantem a bunda da cadeira, saiam da frente do computador. Apesar de termos transferido o poder de julgar e punir para o Estado, ainda podemos fazer algo. Porém sem esquecer do principal, O RESPEITO a cada cidadão, independente de ter sido violador ou violado, pois TODOS estamos sujeitos aos intempéries da vida. Ninguém sabe o dia de amanhã. Pense bem. Hoje você julga, amanhã você poderá ser o julgado.

*Parte do texto foi retirado de comentários meus em uma publicação no Facebook. Quero frisar apenas que não podemos fazer juízo de valor, principalmente quando não temos fundamentos para acusações!

Pra quem não entendeu: 

domingo, 6 de novembro de 2011

Depressão alternativa



Me perdoem os psicólogos, terapeutas, analistas, psicanalistas, psiquiatras... Durante um tempo, eu pensei em fazer terapia, sabe? 
Mas queria um analista que ouvi falar muito bem, e meu plano não cobria. 
Achei muito caro, então preferi fazer uma viagem, sair pra balada e comprar o que tenho vontade de comprar na hora que tenho vontade de comprar, ter dinheiro pra viajar de avião e depois dizer que odeio viajar de avião porque me dá enjoo, ter dinheiro pra gastar duzentos reais na balada se eu quiser gastar duzentos reais na balada; E se eu quiser comprar aquele vestido LINDO que vai custar meus olhos e eu só vou poder usá-lo uma vez, eu vou poder comprar. E aquele décimo sapato preto, que talvez eu use só uma vez, mas que vai fazer bem pro meu ego, vai poder ser meu. 
Porque eu acho que não tem nada melhor pra se descobrir (ou pra curar/esquecer algo) do que se divertir e vivenciar coisas novas, conhecer novas pessoas e novos lugares... E também porque, se eu economizar pra pagar uma terapia, acabo ficando em casa todo sábado a noite, trancada no meu quarto e não viajo e não faço novas coisas. E não tem nada mais depressivo do que isso!




Paixonite


Ainda não falei de você pra (quase) ninguém. Mas quem sabe, já me pediu pra ir com calma. É apenas cuidado, zelo ou medo. De um jeito ou de outro, sempre soube que pegar leve era uma forma de me manter todas as minhas metades comigo mesma, até então sem saber pra quê servia isso.
Pra quê pegar leve? Aliás, não sei que apego é esse. Talvez porque tu sejas a pessoa errada que fala as coisas certas. Ou pelo menos aquilo que eu gosto de ouvir. Porque a gente se dá de uma forma tão espontânea, porque o riso contigo é fácil. E o teu sorriso...
Sabe, eu "ando colecionando sorrisos desde o dia que você se fez riso pra mim. Tenho potinhos com gargalhadas, sorrisos de canto de boca, os tímidos, o sorrisinho acompanhado de mordida nos lábios, o sorriso largo, o “ar de riso”, e o meu preferido: o riso interno, aquele que (pre)enche minha alma de coisas boas - e bobas.

E esse riso solto que carrego comigo, nem precisa de explicação.

A gente só transborda do que o coração se faz repleto."*
É, eu ando encrencada mesmo com isso que tenho cultivado. Entre palavras, sorrisos e música eu fantasio. E te quero mais e mais. E tento lidar com isso de todas as formas pra não ter que me machucar. Preciso de um tempo, me fecho, me guardo e me afasto. Preciso pensar, evito, invento mil desculpas, mas quero te ver. Vivo em contradição.
E mais adiante? E se for apenas medo? Tento me convencer de que o medo é apenas uma oportunidade pra eu mostrar minha coragem. Me finjo segura, vou em frente. Mas essa segurança não tem nada de corajosa, é apenas medo de sentir medo.
Me pergunto onde teve início tudo isso. Onde começou o beijo bom? Foi no seu: “Posso já?” e no meu agir duas vezes antes de pensar?
Me desconcentro e me desconcerto quando você está perto. E tudo é tão incerto... E escrevo, pois a partir do momento que todas essas minhas aflições são transformadas em idéias, elas perdem o poder de ferir meu coração... E eu espero que tenha continuação. Até mesmo porque você tem sido minha inspiração.



quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mais uma de despedidas...

Quero te dizer que te desejo tudo de bom. De verdade...
Embora eu queira desesperadamente que tu digas que não é isso, que você quer ficar comigo, eu sei que isso não é o melhor a fazer... Por isso, espero que a gente fique bem, afinal, esse era o plano. Mesmo que separados, já que a gente insistia permanentemente magoar um ao outro.
Foi numa velocidade incrível que nós de ser as pessoas que mais se conheciam no mundo e nos transformamos nos desconhecidos que mais se desentendiam do mundo - isso porque eu venho desconhecendo a ti e a mim ultimamente... É difícil!
É difícil porque eu me apaixonei realmente por ti. Quer dizer... EU TE AMO (amei) DE VERDADE. Como eu te disse: Amor não se explica.
Pode ser justamente aquela pessoa que te faz chorar, sofrer, perder noite de sono, aquela pessoa que te faz morrer de raiva, mas é justamente essa pessoa que faz teu coração bater mais forte... o que eu podia fazer? Você me tocou de uma forma inimaginável e o que eu senti e foi maior do que tudo que há de maior. Se eu pudesse pensar em uma palavra mais forte que INTENSAMENTE... juro que eu usaria.
É chato, porque as vezes queremos que o outro desempenhe um papel que a gente inventa... E se decepiona quando isso não acontece, quando o outro não é o que a gente QUERIA que fosse...
Pensando na nossa tentativa... A gente se divertiu muito, apesar de tudo.
VOCÊ ERA MEU HERÓI ROMÂNTICO E EU ERA TEU SONHO VIRADO REALIDADE 
Inventamos nossa própria linguagem e nos comunicávamos pelo olhar. Você foi o mais cúmplice e companheiro que eu pude ter... tinhámos planos juntos, traçávamos objetivos juntos... e tudo era diversão!
Era muito fácil pra mim. Não pensava nos problemas no meio de tanta felicidade!

Como ser feliz plenamente? Derveríamos reconhecer que nos amamos, mas o relacionamento é ruim... Quer dizer... A gente pode viver a vida inteira junto??? Infelizes, mas felizes por termos um ao outro?!
Definitivamente, não... Não podemos permitir que nossa felicidade venha com um lado sombrio.
O que a gente acha que merece? Eu te garanto que nunca, jamais cobraria algo de ti que eu sei que você não poderia me dar....
Quais serão nossas escolhas? Onde podemos aceitar fazer sacrifícios e onde isso não será possível?
Foi difícil imaginar minha vida sem ti. Saber que pode nunca mais haver uma viagem perfeita com meu companheiro de viagem preferido. Poderá nunca mais haver um jogo de futebol, uma briga por controle remoto, os papos intermináveis, as músicas que tem haver com a gente, as noites de filme e de frio... poderá não haver mais nada.
Mas a gente vai ficar bem!
Não é triste apenas o que passou... Triste são os planos que não foram concretizados, os sonhos frustrados.
Mas é mais triste ainda pensar que isso vai cicatrizar.
E um dia eu vou estar preparada pra lidar com tudo isso.

E, se Deus quiser, eu vou ser feliz...
e você também!

"Felicidade enfim chegou!"



segunda-feira, 21 de março de 2011

Cuida de você por mim!

Então me responde... Tão cuidando mesmo bem de você? Tu tá feliz? Tem se alimentado bem?
Não, eu não me arrependi daquele dia que desisti de nós, e também não voltei a enxergar nós dois com o coração, como antes...
Eu só me preocupo, sabe?
Como aquele vestido que eu amava, mas não cabe mais em mim e eu dei pra minha irmã mais nova... Ele nem serve mais pra mim, mas se ela veste (e fica perfeito nela!), eu fico com tanto ciúme...
E eu quero que ela cuide de ti da mesma forma que eu.
Eu te pedi que ficasse bem, que cuidasse de ti por mim, que não deixasse ninguém te magoar... Desculpa! Sei que te magoei também, e também fico triste em ver que eu não posso mais fazer nada.
É que se tornou mais forte que eu... A liberdade que me conduz, a vontade de viver, arriscar, conhecer... Gostei tanto dessa liberdade, que não quero mais abrir mão dela.
Ah... eu tava escutando aquela música que eu te mostrei no início do namoro e nós transformamos na nossa música... Não vou ser hipócrita em dizer que não chorei... mas não pelo fato de eu querer tudo aquilo de volta... Eu não pagaria esse preço!
Chorei porque vi tudo aquilo que se perdeu, que não foi cuidado, que acabou!
Outro dia organizei alguns livros, fotos, bilhetes e cartas... Aqueles sorrisos nas nossas fotografias só existem ali, num lugar bem feliz do passado e em nossas recordações.
Mas não é porque um dia fomos felizes que devemos querer viver tudo de novo! Muita coisa mudou.
Foi maravilhoso tudo entre a gente, mas quero agora que você fique bem. De coração. E saiba que você sempre estar;a em minhas orações, Deus sabe que quero que sejam felizes todas as pessoas que passaram pela minha vida (e contribuiram pra quem eu sou hoje).
Não me chama de má, de sem coração, nem pense que é mais um mecanismo de defesa meu. Dessa vez, sei de tudo que eu sinto, não sei (ainda) de tudo que eu quero, mas tenho certeza de tudo aquilo que não quero!
Todo fim é triste, por mais que não haja sentimento... Um sonho não realizado, algo que desistimos e foi deixado pra trás...
Te cuida, fica bem... siga sempre em frente! Afinal, pra frente que se anda... Mas infelizmente, dessa vez, terei que ficar pra trás...

Maíra Dutra